A baleia como peixe: argumentos irrefutáveis.

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5 min readSep 30, 2023

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Não vou adotar a mesma postura de cientistas na escrita desse texto. A ciência precisa de um malabarismo muito grande para se justificar e não é o caso, verão no decorrer da leitura, do que apresento. Artigos científicos carecem de um referencial teórico: um lenga-lenga de afirmações travestida de debate. “Fulano (ano) disse isso, e Cicrano (ano) concorda. Todavia, Beltrano (ano) apresenta um novo contexto para o fenômeno tal.” No final, os grandes autores apenas reafirmam a teoria posta. A impressão que tenho é que nada de novo é apresentado. Não por menos, são considerados péssimos artigos científicos os que prolongam a discussão teórica frente as explanações metodológicas (outro lenga-lenga) e resultados.

Feita a introdução e referencial teórico em um parágrafo, posso me aprofundar na ideia central desse texto: a baleia é um peixe. Não para as ciências biológicas, claro. Biólogos odeiam explicações simples. A biologia, como uma boa ciência, fortemente estabelecida, esmiúça cada pixel do mundo em categorias e definições. Aquilo é isso! Isso é outra coisa! No entanto, o argumento que justifica a baleia não ser um peixe é falho em sua integridade.

O que torna o peixe um peixe é ter sua vida presa a água. Não existe peixe vivo fora da água. Pelo motivo que seja, ao sair da combinação de hidrogênio e oxigênio em estado líquido, morrem. Se é capturado pela ave, ou um humano apressado, vira sushi. Se retiram o peixe da água com um pouco mais de calma, ele é cozido, temperado e misturado com farofa e arroz numa excelente combinação se servido num restaurante à beira mar. Na última hipótese, se ele salta num movimento suicida, para terra firme, morre sem água. Vira e mexe uma baleia encalha e tem a morte como seu destino inevitável. Não temos registros muito comuns da sua carne ser servida junto de outros alimentos, mas, sendo um bicho da natureza, a baleia é passível de destruição pelo humano e deve se tornar produto (como comida e bolsas) em algum momento. Da mesma forma que um peixe, só sobrevive imersa em água e longe de outros animais terrestres, como o humano.

Uma questão séria a ser debatida na biologia é sobre o formato do corpo das baleias, principalmente quando se comparada com outros peixes. O tubarão é um animal aquafilo muito bem equilibrado. Tem uma barbatana, mas desenvolveu todo o restante do corpo para melhorar a locomoção no mar. Outros peixes, como Dory e Nemo, parecem ter se desenvolvido em torno de uma barbatana, somente. As Raias também não passam de uma barbatana horizontal. Por isso, tanto peixes famosos como os de Procurando Nemo, como outros mais estranhos, como a arraias, são mais vulneráveis a fisionomia aerodinâmica dos tubarões. É preciso retirar o aspecto patológico que a biologia impôs ao peixe para compreensão mais ampla da sua espécie. As baleias não têm barbatanas, mas isso, nem de longe, lhes mantém alheia a categoria “peixe”. O polvo é um outro peixe, que peca pelo excesso de barbatanas.

O polvo é um peixe que se arrasta. Não que tubarões, baleias e golfinhos não façam o mesmo movimento. Vou tomar a Cobra para justificar esse argumento, visto que esse é um animal terrestre que tem como o arrastado na terra a sua principal característica. Se arrastar é movimentar o corpo em uma matéria texturizada, palpável e visível para se locomover. É notório que uma Anaconda, por exemplo, constituída apenas de uma grande pata, precisa balançar-se de um lado para o outro para se locomover. Esse atrito criado entre a pele e a terra produzem o movimento. Física básica. Uma ave não se arrasta pelo ar porque essa substância não obedece às mesmas características citadas. Já o peixe nada mais faz do que um movimento idêntico ao das cobras para sair de um canto para outro, numa matéria (vou repetir para frisar) texturizada, palpável e visível. Compartilhar dessa característica explica o porquê de algumas cobras serem nadadoras exímias. O contato integral do corpo com a água produz um arrasto aquático em peixes. Todavia, por estar sempre tomando banho, o peixe não precisa trocar de pele, como a cobra, que está sempre em contato com a sujeira.

Preciso falar mais um pouco sobre o polvo. Ele não se movimenta como baleias, arraias e cobras. Trata-se de um animal aquavoador. Por conta do seu exagero de barbatanas, a natação é uma tarefa árdua para o polvo. Ele até dá alguns saltos dentro d’água, mas não o suficiente para se colocar como um nadador. O polvo 1) morre ao sair da água, 2) pode se tornar sushi, picadinho ou bolsa e 3) tem a capacidade de nadar, mas é inteligente o suficiente para descansar paradinho vez ou outra. É peixe. Mas talvez por saber o seu horário de descanso, esteja ainda mais próximo de alguns humanos no processo evolutivo.

Torno ao início do texto. Os argumentos apresentados não carecem de uma longa discussão, como requer uma reafirmação científica. Pelo contrário, são pautados em observações práticas sobre a vida animal. Ao defender que a baleia é um peixe, não pretendo ser anticientífico em hipótese alguma.

A teoria da evolução de Charles Darwin, que faz aniversário no mesmo dia que eu, é tão coerente que, quando um humano se atreve a querer ser peixe, morre. Em dada tentativa, alguns humanos definitivamente menos evoluídos, foram implodidos por uma estrutura metálica dirigida por um controle de videogame, ao tentar visitar os destroços de outro peixe artificial que não deu certo. Se o peixe fora d’água morre, o humano nela tem o mesmo destino. É uma pena que os peixes só se alimentem de humanos em estado de sushi. O fogo não se mantém embaixo da água, e, em virtude da ausência de patas em detrimento do excessivo desenvolvimento de barbatanas, os peixes não são aptos a manusear uma panela. Isso torna, infelizmente, a moqueca de idiota um prato impossível de ser cozinhado pelos animais aquáticos.

É óbvio que Darwin está correto em seu raciocínio pseudocientífico. Sua teoria não pode ser provada em estado absoluto e, portanto, não passa de uma crença científica para desacreditar do mito religioso da criação. Eu mesmo sou fiel as palavras de Darwin para compreender a evolução biológica dos animais. Mas daí a acreditar que a baleia é um mamífero, e não um peixe, os biólogos forçam demais a barra. Como afirmou Millor: a baleia é, no máximo, um mamífero honorário.

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